Para usufruir de forma segura de uma boa sessão de surf, é preciso conhecer os elementos que fazem parte do ambiente que nos envolve, como ventos, correntes e ondas. Saiba um pouco mais sobre a classificação das praias arenosas e como os tipos de praias influenciam na quebra das ondas.
Por Renata Porcaro
O estado de São Paulo apresenta uma enorme variedade de beach breaks. Tem onda para todos os níveis e gostos. Você sabe identificar e diferenciar as praias? Confira abaixo detalhes sobre cada tipo de praia.
A praia, por definição geológica, é um ambiente sedimentar costeiro de composição variada, formada mais comumente por areia, e condicionado pela interação dos sistemas de ondas incidentes sobre a costa (King, 1959).
Por se tratar de um ambiente de transição, é difícil determinar onde começa e onde termina um ambiente praial. A região costeira abriga inúmeras interações biológicas, químicas, físicas, geológicas e meteorológicas, por isso é um ambiente tão complexo e constantemente objeto de estudo de oceanógrafos e geólogos.
Por convenção, o limite externo de uma praia, ou seja, aquele em direção ao mar, é a profundidade a partir da qual as ondas passam a provocar movimento efetivo de sedimento sobre o fundo do mar. O limite interno é definido como o local na parte mais superior da ação de ondas de tempestade sobre a costa.
A praia, independente de sua classificação, é dividida de acordo com o esquema abaixo:
A praia é dividida em três zonas:
– zona de arrebentação: caracterizada pela ocorrência do processo de arrebentação. O processo de quebra de ondas representa o modo de dissipação da energia da onda sobre a praia e acontece quando as ondas incidentes se aproximam de águas mais rasas, diminuem a velocidade e ganham altura, até que a velocidade da onda exceda a velocidade do grupo de ondas e a onda quebre.
– zona de surfe: local onde a energia da onda é transferida para a geração de correntes longitudinais e transversais a praia. Praias de alta energia têm, portanto, correntes laterais e correntes de retorno mais intensas.
– zona de espraiamento: região na qual as ondas da zona de arrebentação dissipam sua energia sobre a face praial. O processo de espraiamento é bastante estudado, pois determina os níveis máximos de atuação dos agentes hidrodinâmicos e, portanto, os limites para construção civil.
A classificação de praias baseia-se em dois extremos, chamados de praias refletivas e praias dissipativas, porém cada praia tem características próprias.
– PRAIAS REFLETIVAS: grande declividade, tamanho dos grãos do sedimento maior, incidência de ondas sobre a face da praia. São ambientes mais sensíveis à poluição por conta da baixa capacidade de dispersão de contaminantes. Geralmente tem menor diversidade biológica.
– PRAIAS DISSIPATIVAS: mais expostas, zona de surfe larga, com isso na face da praia a energia de ondas é baixa com menor tamanho de grãos do sedimento (areia mais fina) e pouca declividade.
As praias intermediárias são as outras praias que ficam entre os extremos dissipativo e refletivo. Estas tem características mistas e podem ser identificadas pela presença de correntes de retorno.
É importante lembrar que praias são ambientes muito dinâmicos e fatores como tempestade, mudança no padrão de ondas, elevação do nível do mar e deriva de sedimentos podem atuar e influenciar nas características do ambiente, mudando assim sua classificação. A classificação de uma praia é dada pelas condições mais frequentes, em resposta ao tipo de arrebentação e ao tipo de sedimento predominantes.
Com relação à ecologia, os organismos de praias arenosas são
predominantemente da infauna*2, geralmente de tamanho menor e não apresenta coloridos exuberantes. Esses animais somente se desenterram para se alimentar e reproduzir, portanto sua visualização é mais rara.
A fauna de cada praia varia com devido ao tamanho e espaçamento dos grãos do sedimento que a forma, assim, animais diferentes conseguem habitar praias de areia mais fina ou mais grossa. As ondas atuam como fonte de stress e fator de controle na distribuição de organismos da macrofauna bentônica*3 nas praias arenosas.
Quer saber mais? Entre em contato: renata.porcaro@gmail.com
*¹ Imagem retirada de: zonacosteira.bio.ufba.br/praia.html
> acesso em 20/09/13
*2 Organismos com tamanhos igual ou superior a 5 mm que vivem enterrados no sedimento
*3 conjunto de espécies que vivem no enterradas no sedimento
Fontes:
http://www.zonacosteira.bio.ufba.br/praia.html
http://www.cem.ufpr.br/praia/pagina/pagina.php?menu=praias
Morfodinâmica praial: uma breve revisão
(disponível em: http://www.scielo.br/pdf/bjoce/v51nunico/07.pdf)
Praias arenosas oceânicas do estado de São Paulo (Brasil): síntese dos conhecimentos sobre morfodinâmica, sedimentologia, transporte costeiro e erosão costeira, Celia Regina de Gouveia Souza.