Recifes de coral (parte 1)

Figura 1. A maioria dos recifes é encontrada em águas tropicais e subtropicais. Ocorrem entre as latitudes 30°N e 30°S. Os pontos vermelhos mostram a distribuição dos recifes de coral. Fonte: oceanservice.noaa.gov.

Figura 1. A maioria dos recifes é encontrada em águas tropicais e subtropicais. Ocorrem entre as latitudes 30°N e 30°S. Os pontos vermelhos mostram a distribuição dos recifes de coral. Fonte: oceanservice.noaa.gov.

Figura 2. Vista aérea de Porto de Galinhas em 2005, com ondas quebrando sobre os recifes. Este é um exemplo de como o recife pode proteger a linha de costa do processo de erosão. Foto: Antonio Henrique. Fonte: http://www.mma.gov.br.

Figura 2. Vista aérea de Porto de Galinhas em 2005, com ondas quebrando sobre os recifes. Este é um exemplo de como o recife pode proteger a linha de costa do processo de erosão. Foto: Antonio Henrique. Fonte: http://www.mma.gov.br.

Figura 3. The Great Barrier Reef, a maior barreira de coral do mundo, com 2300km de extensão e aproximadamente 230.000km2 de área. Foto: Mike McCo. Fonte: www.australiangeographic.com.au.

Figura 3. The Great Barrier Reef, a maior barreira de coral do mundo, com 2300km de extensão e aproximadamente 230.000km2 de área. Foto: Mike McCo. Fonte: www.australiangeographic.com.au.

Figura 4. Atol das Rocas está localizado a cerca de 150 km do arquipélago de Fernando de Noronha. Fonte: http://noticias.terra.com.br

Figura 4. Atol das Rocas está localizado a cerca de 150 km do arquipélago de Fernando de Noronha. Fonte: http://noticias.terra.com.br

Figura 5. Evento de branqueamento registrado em 2005 em St. Croix, U.S. Virgin Islands. Fonte: http://www.noaanews.noaa.gov

Figura 5. Evento de branqueamento registrado em 2005 em St. Croix, U.S. Virgin Islands. Fonte: http://www.noaanews.noaa.gov

Figura 6. Branqueamento dos corais pode levar à morte da colônia. Adaptada de: http://www.reefteach.com.au

Figura 6. Branqueamento dos corais pode levar à morte da colônia. Adaptada de: http://www.reefteach.com.au

Por Renata Porcaro 

Sempre que nós, surfistas, pensamos em um recife de coral, imediatamente associamos com ondas perfeitas. Conheça um pouco mais sobre esse ambiente tão rico e diverso.

Os recifes são ecossistemas marinhos ricos, complexos e altamente produtivos. Mesmo ocupando pequena porção da superfície total do fundo oceânico, são reconhecidos por abrigar a maior densidade de biodiversidade de todos os ecossistemas.

Fatores como temperatura, intensidade luminosa, profundidade, concentração de nutrientes, material em suspensão e correntes são determinantes para sua distribuição geográfica. A maioria é encontrada em regiões tropicais e subtropicais dos oceanos de todo planeta (figura 1), ou seja, onde a água tem temperatura entre 25 e 30°C.

Além da importância biológica, são fontes de recursos econômicos de milhares de pessoas, a partir de atividades de pesca e turismo. Em algumas regiões os recifes de coral funcionam como uma barreira que evita a erosão da costa pela ação das ondas (figura 2).

Muitos ambientes com espécies diferentes de corais fornecem matéria prima para pesquisas na área farmacológica. Devido às das complexas cadeias alimentares e à intensa competição por espaço entre os organismos sésseis*, algumas espécies de coral produzem substâncias químicas utilizadas na proteção contra predadores e inibição da ocupação do espaço por competidores.

A estrutura dos recifes é rígida e resistente à ação de correntes marinhas e ondas, podendo ter formatos variados como barreira (figura 3) ou atol (figura 4). É formada a partir da sobreposição de várias gerações de corais ou outros organismos portadores de esqueleto calcário. A denominação “recife de coral” é devida ao papel importante desses organismos para o sucesso ecológico do recife, porém, em diversas regiões incluindo o Brasil, algas calcárias e outros organismos tem tanta relevância no ecossistema quanto os corais.

Os corais são animais invertebrados pertencentes ao Filo Cnidaria (o mesmo das águas-vivas e anêmonas) e à classe Anthozoa. Pode ser solitários ou coloniais, com cada colônia formada por milhões de pólipos segregados um fino esqueleto de carbonato de cálcio à sua volta. A estrutura consolidada do recife de coral permite que o ecossistema tenha alta diversidade também de invertebrados bentônicos*.

Os corais não fazem fotossíntese, mas tem uma relação simbiótica* com algas zooxantelas. As células das algas ficam alojadas dentro do tecido dos pólipos e além de darem a cor ao coral, produzem componentes orgânicos que lhes servem de alimento. O coral, por sua vez serve de abrigo e fornece os nutrientes necessários à sobrevivência das algas. Por isso a intensidade de luz e a profundidade são fatores limitantes na distribuição geográfica de recifes: as algas precisam da luz para fazer a fotossíntese e quanto maior a profundidade, menor a penetração de luz na coluna de água.

Os recifes sofrem impactos causados por atividades como sobrepesca e poluição por esgoto doméstico e industrial. As mudanças climáticas também influenciam na saúde desses ambientes. Um pequeno aumento na temperatura das águas superficiais pode provocar um fenômeno conhecido como branqueamento (figuras 5), que é a perda das zooxantelas.

A quebra da cooperação vital que beneficia ambos os organismos faz com que o coral perca sua cor e exiba o esqueleto calcário, como pode ser observado na figura 6 (daí o nome “branqueamento”). O fenômeno pode provocar mudanças na estrutura das comunidades do recife e consequentemente afetar seu equilíbrio ecológico. Em diversos locais, eventos de branqueamento foram correlacionados com El Niño, quando a temperatura da água do mar fica mais elevada.

A diminuição do pH dos oceanos (acidificação) também tem impacto sobre os corais e outros organismos com esqueleto calcário. Desde o início da revolução industrial, o oceano absorve grande parte do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera resultante de atividades humanas. O papel do oceano é, portanto, imprescindível para o controle das mudanças climáticas, mas essa absorção causa efeitos nas propriedades químicas da água, dentre os quais a acidificação.

No artigo do mês que vem vou continuar nesse tema e abordar um pouco mais sobre os impactos causados pelas atividades humanas nos recifes e sobre a situação desse tipo de ambiente no Brasil.

Dúvidas, críticas e sugestões: renata.porcaro@gmail.com

 

Glossário:

Organismos sésseis = não se deslocam voluntariamente do seu local de fixação
Invertebrados bentônicos =  animais que vivem sobre ou enterrados no substrato do fundo do mar.
Relação simbiótica = relação mutualmente vantajosa, na qual, dois ou mais organismos diferentes são beneficiados por esta associação.

Fontes:

LEÃO, Z.M.A.N., KIKUCHI, R.K.P. & OLIVEIRA, M.D.M. 2008. Coral bleaching in Bahia reefs and its relation with sea surface temperature anomalies. Biota Neotrop. 8(3):<http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/en/abstract?article+bn00808032008>

http://www.icmbio.gov.br/parnaabrolhos/images/stories/downloads/Clovis_2000.pdf

http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/18_introducaobr.pdf

http://impactoambientemarinho.blogspot.com.br/2010/08/branqueamento-de-corais.html

http://pescaconsciente.wordpress.com/pesca-com-bomba/

http://www.mma.gov.br/

oceanservice.noaa.gov

http://www.australiangeographic.com.au/

http://noticias.terra.com.br/

http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/aquecimento_global_ameaca_recifes_de_corais.html

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2012/03/1056166-mar-fica-acido-em-ritmo-sem-precedente-e-vida-marinha-e-afetada.shtml

http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias2/noticia=736025


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