O Surf brasileiro teve um capítulo mais do que especial na última terça-feira, 13 de julho. Depois de 19 anos, o ex-campeão brasileiro de surf Octaviano Taiu Bueno voltou a sentir a emoção de deslizar sobre uma onda, na praia das Astúrias, no Guarujá.
Considerado o pai do big surf brasileiro, Taiu escreveu seu nome no cenário do surf mundial ao encarar ondas gigantes em Waimea e Pipeline, no Hawaii. Sua primeira experiência no esporte foi aos 11 anos, numa prancha de isopor. Aos 13 anos, viajou pela primeira vez ao Hawaii e percebeu que era do Surf que queria viver.
Taiu começou a competir como profissional aos 20 anos e conquistou diversos títulos brasileiros. Em 1991, após uma onda mal completada na praia de Paúba, em São Sebastião, Taiu viu sua vida mudar para sempre. Ao cair da onda, o surfista fraturou a quarta vértebra cervical e traumatizou a medula óssea, causando-lhe paralisia motora do ombro para baixo.
Com ajuda dos pais, dos amigos, e principalmente com muita garra e força de vontade, Taiu reaprendeu a viver. Consagrou-se como herói, ídolo brasileiro, e não desistiu do surf. Passou a escrever sobre o esporte, a comentar campeonatos e manteve acesa dentro de si a paixão pelas ondas.
Seu retorno ao mar começou a ser planejado há alguns anos. O shaper Neco Carbone, em parceira com o big rider Jorge Pacelli e pelo próprio Taiu, planejou e produziu uma prancha especial adaptada para pessoas com dificuldade de locomoção.
Na manhã do dia 13 de julho, até o sol surgiu com uma energia a mais. Por volta das 6h40, Taiu dropou sua primeira onda em quase 20 anos, rompendo a barreira do que muitos acreditavam ser impossível e emocionando que acompanhavam o momento histórico.
“É muito sentimento junto, que não consigo nem explicar. Estar de volta com a galera no outside foi muito bom. Mas na hora que o Neco remou e dropamos a onda, nossa, foi alucinante. Parece que hoje estava perfeito para mim. Não preciso surfar as maiores, o que tinha de onda hoje já é o suficiente para me deixar de cabeça feita. Agora vou começar a surfar direto, porque têm um monte de fissurados para me levar. Mas sempre com muita cautela e cuidados com minha segurança”, relatou Taiu ao repórter Mariano Kornitz, da AlmaSurf.
Durante todo o momento que Taiu voltou às ondas, ele contou com uma companheira fiel: a cadela Lana, que acompanha o surfista por onde ele passa. Quem presenciou a cena, pode afirmar com toda certeza que Lana estava em total sintonia com os sentimentos de Taiu, correndo pela praia e esbanjando felicidade. Segundo o próprio surfista, ela até subiu na prancha para tentar acompanhá-lo nos drops.
O retorno de Taiu também fez parte das gravações do documentário Aloha, do Projeto Querô, que trata do surf adaptado. O surfista Robson Careca, que perdeu o movimento dos membros inferiores em 1998 após um acidente de carro, também está no projeto.
Para Taiu, seus amigos Jorge Pacelli e Neco Carbone, e para todo o surf brasileiro, esta foi a primeira de muitas sessões de surf que ainda estão por vir. O que não vai faltar é companhia para ele no outside.
Fonte: Portal AlmaSurf