Acompanhe todas as emoções e aventuras vividas pelos professores Ale Zeni e Tici Deiab nas praias européias
SURF NA ITÁLIA – História, comilança e boas ondas no país da bota
Pra quem pensa que a Itália é apenas um país recheado de história, arte e cultura, ficam aqui duas dicas: além de ser uma terra repleta de destinos fantásticos, quem procura vai achar ondas excelentes.
E foi exatamente isso que aconteceu com os professores Ale Zeni e Tici Deiab, que aproveitaram uma viagem à Europa pra conhecer os encantos da Itália e além de tudo surfar altas ondas.
Após percorrer os principais centros culturais do país, como Roma, Veneza, Verona, Milão, Florença, Pisa, Genova, Nápoles, e se perder numa verdadeira aula viva da história da arte, religião e evolução humana, foi a vez de partir em busca das belezas naturais, e claro, das ondas italianas.
Passando por regiões como Costa Amalfitana, Cinque Terra e Vulcão Vesúvio, chegou a hora de partir para as ilhas da Sicília e Sardenha, onde finalmente encontrariam o que há tanto tempo procuravam.
A primeira parada foi na Sicília, ilha mundialmente conhecida pela famosa máfia. Contrariando as expectativas e pensamentos pré-moldados, nada de máfia por ali, mas sim grandes amizades, em especial com o kitesurfer Rosário, e momentos inesquecíveis em inúmeros pôr do sol alaranjados e águas incrivelmente límpidas e azuis.
Mas nada de ondas….
Partimos então para a Sadenha, última esperança de surfar neste maravilhoso pedaço do mundo. Com a benção de Deus e a chegada de fortes ventos mistral, finalmente o mar balançou, e tudo o que poderia ser feito era agradecer por mais uma vez estar no lugar certo na hora certa.
Capo Mannu, Mini Capo e Sa Mesa Longa. Quem conhece sabe o que estamos falando, quem não conhece anote na agenda (ou no mapa).
22 de julho de 2008. Primeira queda
Segunda queda
No dia seguinte, a terceira queda foi
SURF NA FRANÇA – História e muito surf no verão europeu
Após desbravar as ondas italianas no pico de Capo Mannu, na Sardenha, chegou a hora de partir rumo a novas descobertas e aventuras na Europa. Próximo destino, França.
Doze horas e mil e quatrocentos quilômetros depois chegamos aos beach breaks de Hossegor, mundialmente conhecidos pelas suas ondas tubulares e perto da beira.
A porção francesa do País Basco é realmente maravilhosa, com diversas bancadas, castelos deslumbrantes, eventos singulares e muita gente bonita.
Logo na primeira queda em Capbreton encontramos o surfista Rogério Alemão, que vive a cinco anos na área e nos deu dicas valiosas de como aproveitar o swell e as variações da maré. Percebemos também um sensível aumento na freqüência das ondulações e no nível técnico e estrutural do esporte em relação aos países vizinhos.
Demos sorte por chegar junto com o swell e pegar altas ondas
A base de comando foi Anglet, onde a galera mais jovem e descolada aproveita a extensa praia dividida por píers para curtir o sol e as bancadas de areia como Les Cavaliers, onde surfamos um final de tarde inesquecível ao lado do ídolo Gustavo Kuerten.
Biarritz, mais a sul, encanta pela aura cosmopolita a beira mar, onde turistas de todo o mundo se deslumbram pelas paisagens, castelos, restaurantes e lojas. Isso sem falar nas ondas da Grand Plage, lisas e perfeitas, abrindo para os dois lados num dos cenários mais espetaculares que se pode imaginar.
Enfim, os dias passados na França foram bem melhores do que poderíamos jamais ter imaginado, sempre cheios de muita energia positiva, sol, surf e baguetes num dos países mais nobres do planeta.
SURF NA ESPANHA – Viagens e aventuras do País Basco à Galícia
Atravessando a fronteira França-Espanha chega-se a San Sebastian, uma das principais capitais culturais da Europa com seus festivais de jazz, culinária típica, intensa vida noturna e idealismo político.
A região, que faz parte do País Basco, é repleta de tradições, história e também de boas ondas, como Zurriola, Zarautz, Bakio, e a internacionalmente conhecida Mundaka.
Para sorte de alguns e azar de outros, o swell havia baixado um pouco e as séries não passavam de um metro, mas mesmo assim foi o suficiente para conhecer e encantar-se com o perfeito life style e qualidade de vida dos surfistas espanhóis.
Destino bastante acolhedor aos turistas, pra viajar pela Espanha foi necessário apenas o guia de surf e um kit barraca-travesseiro-cobertor. Dessa maneira, acordávamos todas as manhãs de frente para as ondas da Cantábria, Astúrias ou Galícia.
Destaque para o surf sem crowd em Liencres, Rodilles e Rio Sieira e para as paisagens de Cabo Vidio, Los Locos e Tapia de Casariega. Sem esquecer o cardume de enormes golfinhos surfando o final de tarde em Furnas, sintonia total da natureza.
Como bons aventureiros, a peregrinação terminou em Santiago de Compostela, onde as luzes da Catedral e as apresentações musicais ao ar livre explicavam despretensiosamente um pouco sobre aquele lugar místico e cheio de magia.
Na volta para Milão, na Itália, local de partida do vôo para o Brasil, ainda tivemos tempo para mais uma imersão cultural em Barcelona, com os museus de Gaudi e a Sagrada Família. Mas no caminho havia Portugal e seus fundos de pedra tão gelados como perfeitos.
SURF EM PORTUGAL – Ondas geladas e pesadas, ora pois!
A previsão era animadora quando partimos rumo a Portugal, com os mapas de ondulação estimando séries de até dois metros durante toda a semana. Apesar do tempo chuvoso e frio, a entrada do swell fecharia com chave de ouro essa trip histórica pelo Velho Continente.
A primeira parada foi na cidade de Espinho, que confirmando as expectativas oferecia ondas de um metro e meio bastante deformadas pelo vento maral. Aproveitamos para tirar a barriga da miséria e visitar a feirinha local, uma diferente experiência que mesclava o tradicionalismo cigano com o consumismo ocidental.
De lá descemos rumo a Peniche para conhecer a famosa onda de Supertubos, antes passando pela região de Figueira da Foz, que também não apresentava as melhores condições para o surf.
Chegamos à noite e na manhã seguinte despertamos direto para a praia na esperança de pegar aqueles tubos tão inspiradores e desejados que estampam páginas de revistas mundo afora. Infelizmente as ondas estavam pequenas em Supertubes, influência da maré e da direção da ondulação, e o negócio então foi explorar a região. Como quem procura acha, encontramos ondas perfeitas nos point breaks de Batel e Consolação.
Descendo um pouco mais o litoral português, o próximo destino era Ericeira, onde passamos a noite estacionados
Séries com mais de dois metros e muita correnteza desafiavam os poucos surfistas que se aventuravam a encarar a remada naquelas difíceis condições. O jeito foi descansar e esperar a hora certa pra entrar no mar.
Aproveitamos para conhecer as praias de São Lourenço e Coxos, famosas por segurar grandes ondulações e proporcionar surf num alto grau de dificuldade. E foi exatamente isso que aconteceu quando a ondulação alinhou no inicio da tarde.
Coxos mostrou todo seu potencial bombando ondas de
Coração acelerado desde a entrada numa fenda entre as pedras até a saída sobre a rasa e afiada bancada. Enquanto isso direitas constantes faziam a alegria daqueles que encaravam o frio em busca de adrenalina e diversão.
Neste momento ficou claro que toda experiência acumulada durante as viagens para o Havaí, Indonésia e Austrália foram decisivas para encarar as condições pesadas com confiança e determinação. Como resultado, altas ondas surfadas e momentos inesquecíveis para guardar eternamente na memória.
Finalizando essa mágica experiência pelas praias européias, e já completamente apaixonados pelas histórias e ondas desse maravilhoso continente, nada melhor que visitar velhos amigos antes de voltar para casa. E foi com muita alegria que encontramos em Cascais o casal de amigos Virginia e Rodrigo Coolpisca, viajantes aventureiros e atualmente residindo em terras portuguesas. Como sempre, fomos muito bem recebidos, com direito a jantar de gala, vinho do Porto e muitas risadas para matar a saudade.
Infelizmente o tempo passou rápido e estava na hora de regressar ao Brasil. No coração, a tristeza pela partida se misturava à alegria das lembranças inesquecíveis e dos momentos singularmente vividos. E a certeza de que a Europa ainda reserva grandiosas histórias a serem escritas pelos seus surfistas e ondas.