Trabalhando e morando em Garopaba, Gica Piá faz ilustrações para uma grande marca de surf no sul do Brasil. Seu estilo de vida e o contato direto com a natureza refletem ativamente em seus trabalhos. A busca do artista em retratar suas sensações o levam para experimentar diversas técnicas para achar o ponto de equilíbrio entre os temas e a sua paixão pelo surf.
IBRASURF: Fale um pouco do seu trabalho
GICA PIÁ: Sempre fui fascinado no mar, as ondas, os movimentos, tudo é lindo demais, é inspiração pura. Até que resolvi passar essa paixão pelas ondas para a arte digital, pois ela dá uma flexibilidade ilimitada. Já fiz artes em tela, com tinta óleo mas parei, mas agora pretendo começar novamente. Esse é o caminho inverso, mas quero fazer de novo.
IBRASURF: E como é esse lance do digital?
GP: Comecei na arte digital quando conheci uma mesa digital e fiquei fascinado pela flexibilidade, e as técnicas são as mesmas de pintar um quadro ou um papel, mas a diferença é que já faz direto no computador, não precisa escanear nada. Meus quadros eu faço e imprimo em papel fotográfico fosco e enquadro, o que fica lindo demais.
IBRASURF: Qual o tema predominante nas suas artes?
GP: Agora eu tenho a realidade das ondas e do surf e o digital imaginário delas também. Tudo no surfe me fascina, e o mar é o artista principal, e o surf digamos que é o coadjuvante, com as manobras e os tubos.
IBRASURF: E qual o seu estilo?
GP: Hoje eu defino meu estilo como “largado”, pois não quero definição nos meus desenhos. Quero que a pessoa veja uma onda na arte, não precisa ser realista, mas quero que o espectador saiba que ali é uma onda, com o surfista ou sem ele.
IBRASURF: Quais elementos englobam seu processo criativo?
GP: Meu processo criativo e minha inspiração vem de pensar em coisas boas, sentar numa varanda sozinho, olhar o horizonte, ver o sol e o mar, que é uma inspiração total. A família também, como minha filha, que é uma inspiração sem tamanho.
IBRASURF: Cite alguns artistas que fazem sua cabeça.
GP: Tem alguns artistas que eu gosto, como Drew Brophy, acho seu estilo bem diferente. Gosto também do Tom Veiga, que além de brasileiro, tem um jeito único de trabalhar seus desenhos, com mínimo de traço. Se for olhar tem muitos artistas ótimos, mas eu acho que esses tem o diferencial.
IBRASURF: Quais suas metas daqui pra frente?
GP: Meus temas são sempre os mesmos : o mar e as ondas. Acho que é porque sou apaixonado por tudo isso. Meu sonho é ir para o Hawaii desenhar sentado numa varanda de frente para o marzão. É só um sonho, mas quem sabe um dia?
Por Fernando Bari – cabecafeita.com
Fotos: Arquivo pessoal/Gica Piá