O artista plástico, Erick Wilson, que estava presente no 7º Congresso Brasileiro de Surf e fez parte da Exposição Surf Art cativou e impressionou a todos com sua habilidade de pintar com as mãos. Ele mostrou a todos como a arte pode ser sustentável, é capaz de romper barreiras e resgatar valores. Erick abriu o jogo em um bate-papo com o Ibrasurf sobre sua vida, suas obras, e suas expectativas com relação ao futuro, manifestando sua simplicidade apesar da riqueza de seu talento.
IBRASURF: Como começou a pintar?
Erick Wilson: Desde criança já fazia uns rabiscos nos cadernos de escola, em 95 comecei a treinar capoeira e também desenvolver desenhos para estampas de camisetas. Cheguei a dar aula de capoeira em São Paulo e na Praia Grande, lembro que nas horas vagas criava algumas estampas e vendia nas rodas de capoeira que fazíamos na Praia Grande (litoral sul de São Paulo).
I: Quando descobriu que tinha esse talento para arte?
E.W: Estava morando em Praia Grande na época que dava aula de capoeira, em 2000 tive que voltar pra São Paulo e comecei a trabalhar como colorista numa empresa de botões. Pra quem surfava todos os dias e dava aula de capoeira foi um pouco complicado acostumar com a rotina de Sampa dentro de uma empresa.
Sentia uma falta muita grande do mar e do surf, então toda vez que chagava em casa pegava uma tela e começava a pintar umas ondas, isso me fazia bem . Nessa época, as telas que pintava eu dava de presente para amigos e familiares, foi a partir daí que comecei a pegar o gosto pela arte.
I: Quais artistas e sites em que se inspiram, dentro e fora do surf?
E.W: Estrangeiros: Wyland, Ashton Howard, Jim Warren, Wade Koniakowsky, Clark Takashima, entre outros.
Já entre os artistas brasileiros, gosto muito dos trabalhos do Leandro Silva, Fernanda O’Connel, Flavio Caporalli, Marcelo Vieira, entre outros.
I: Explica melhor para nós qual é a técnica utilizada em suas obras?
E.W: Misturo varias técnicas: acadêmica, air brush, a técnica de pintura em azulejo feita somente com os dedos e o graffiti.
Depende muito do que irei pintar, tem pinturas que uso somente pincel, outras pincel e air brush e outras somente com as mãos sem a ajuda dos pincéis.
I: Como é ser artista no Brasil? E, quais as maiores dificuldades e benefícios do ramo?
E.W: É um pouco complicado infelizmente. Poucas pessoas dão o valor de verdade para a Surf Art aqui no Brasil, já é difícil acharmos espaço para mostrar nosso trabalho e quando aparece, vários artistas brasileiros são excluídos, é por isso que eu junto com Fernando Bari organizamos a I Mostra de Surf Art Brazil que rolou em julho desse ano com vários artistas presentes… Foi um sucesso!
I: Como é unir o útil ao agradável e trabalhar com algo pelo que se é apaixonado?
E.W: É muito gratificante viver fazendo o que mais amo, que é criar e pintar. Outra coisa que gosto muito e aprendo também são as oficinas que realizo com os “Amigos do Oceano”.
I: Tem outro trabalho ou vive somente de arte?
E.W: Atualmente vivo somente da arte.
I: Quando começou a comercializar suas obras?
E.W: Foi em 2001, quando larguei meu trabalho em Sampa e comecei a expor minhas obras e pintar azulejo no Calçadão das Artes em Praia Grande, e quando tinha um tempo ainda fazia alguns graffitis comerciais pra fazer um dinheiro.
I: Já fez algum tipo de curso que agregasse ao seu trabalho?
E.W: Estudei um ano com o artista plástico Elias Zemioni na Escola Paulista de Artes para aprender algumas técnicas de pintura acadêmica.
I: Qual o projeto que você fez parte em Fernando de Noronha? Como foi essa experiência?
E.W: Foi uma parceria junto com o Projeto TAMAR onde realizei uma exposição de quadros retratando o surf e animais marinhos do Arquipélago, também oficinas de pintura em boné, em Ecobags e uma pintura em um painel de 4 metros com as crianças da escola Arquipélago.
Foi uma experiência incrível, tive a oportunidade de conhecer alguns artistas que fazem belíssimas artes com materiais reciclados, porque na ilha o acesso para comprar material de pintura (tela, tinta, pincéis, etc) é limitado, só trazendo do continente.
Fiz boas amizades na ilha e em breve estarei de volta para realizar outros trabalhos.
I: Que dica dá para quem quer viver de arte?
E.W: Acreditar nos seus sonhos, nunca desistir e humildade.
I: Quais praias, ondas, lugares ou surfistas lhe trazem maior inspiração?
E.W: Todo lugar que estou consigo absorver alguma coisa, mas o lugar que mais tenho inspiração é quando estou surfando… Fico observando as cores em tudo, no mar, nas ondas, na espuma, no céu, no reflexo do sol na água, nas gaivotas e imaginando como faria aquilo na pintura.
I: Quais sonhos de vida pessoal e profissional?
E.W: Tenho um sonho ainda de pintar ao vivo nas ruas de Venice Beach na Califórnia e também continuar rodando o Brasil e o mundo realizando oficinas de arte passando algumas técnicas de pintura para as crianças (nossos futuros guardiões do mar).
I: O que você achou da inserção do Surf Art no 7º Congresso Brasileiro de Surf?
E.W: Para nós artistas mostrar nosso trabalho junto com o Congresso, e ainda mais dentro da Belas Artes teve um valor muito grande, o IBRASURF sempre valorizou muito a Surf Art.Para finalizar, o artista expressa seu pensamento: “é muito gratificante saber que através das minhas pinturas posso passar uma mensagem de preservação dos oceanos, precisamos agir rapidamente para salvar o planeta e acredito que a arte é um poderoso instrumento de mudança”.