Entevista – Tom Veiga

O portal cabecaFeita.com entrevistou Tom Veiga nas dependências da sede do Ibrasurf durante sua passagem por São Paulo no mês de março para apresentar sua exposição solo, e neste início de abril, Tom comemora um lançamento importante para  A Surf Art brasileira. Com suas ondas e traços característicos, o artista estampa a nova coleção de inverno da marca Billabong, incluindo o lançamento de um video exclusivo exibindo seu lifestyle, elevando ainda mais o nível da Surf Art mundo afora e abrindo portas para outros artistas brasileiros alcaçarem novas metas.

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Como foi o seu início com as artes e com suas ondas?

O início do meu trabalho foi bem intenso, para descobrir um traço meu foi muito tempo, muito estudo, muito teste, muitas madrugadas, fins de semana, almoços, muitas tintas, rabiscos até chegar a um resultado final que ficasse bom através do design. Depois de ter conseguido um traço meu, um estilo próprio as coisas começaram a acontecer, começaram os primeiros posts e matérias falando do meu trabalho, inclusive a primeira pessoa que postou meu trabalho no Brasil foi o CabecaFeita, não esqueço disso. Depois de um tempo eu mesmo comecei a trabalhar em divulgar minha arte, pois aquela frase “quem não é visto não é lembrado” é real, e se você não fizer tua parte ninguém vai fazer por você. Hoje vendo o alcance, vendo os projetos e tudo o que aconteceu, me motiva a sonhar mais alto para levar a bandeira da Surfart do Brasil a muitos lugares e assim também levar novos artistas do Brasil junto, temos que nos unir e pensar em conjunto e não só individual.

Seu trabalho ganhou destaque em diversas publicações ao redor do mundo, quais as mais significativas na sua opinião?

Para mim, falando de publicações mais importante hoje foi a Surfers Path, matéria falando sobre 7 artistas do oceano e fui o brasileiro no meio da lista, fiquei muito honrado por isso, também as matérias na Fluir e Hardcore aqui no Brasil foram importantes pra mim, no Brasil mesmo saiu na revista Computer Arts, Solto, também ja saiu na Surfos da América Latina, saiu na SurfRadical importante revista de Surf da Espanha, na TidMag, revista da Alemanha, na revista da Airfrance com público estimado de 1.25 milhoes de pessoas na Holanda, e agora também vai sair uma entrevista com capa da maior revista de surf da Itália, a SurfCulture e uma entrevista na maior revista de surf de Portugal a Surf Portugal, já pude enviar meu trabalho para 4 continentes em mais de 15 países também. Em sites saiu em vários importantes pelo Brasil e pelo mundo também. Legal ver as portas que Deus tem aberto para o meu trabalho pelas nações espalhando cores e ondas mostrando um pouco da nossa brasilidade através das artes.

Como foi a preparação para sua primeira exposição solo realizada em São Paulo?

A preparação foi intensa, pra mim é a primeira grande exposição que estou fazendo, era um sonho expor na Galeria Alma do Mar, e poder fazer isso juntando vários amigos, em conjunto com a Banda Reobotezion foi perfeito. Preparei as obras mais importantes para mim para essa expo. Foi na correria mas deu tudo certo, a exposição ficou linda e foi marcante para mim, pude nela conhecer muitas pessoas legais e pude compartilhar um pouco das minhas experiências com várias pessoas, então a expo em si foi legal por conhecer pessoalmente várias pessoas e muitas das quais sou fã.

Foram feitas obras exclusivas para essa expo? Quais foram suas inspirações?

Sim, levei obras clássicas e obras exclusivas. As que chamo de clássicas são as que tem mais repercussão, precisava levá-las para as pessoas verem como elas são de perto, e fiz questão de levar algumas obras exlcusivas todas inspiradas em Pipeline. Para mim, a onda mais encantadora do mundo, obras que fiz no início do ano com muito cuidado.

Sua arte ploriferou em todos os cantos do mundo, quando foi que percebeu que as pessoas estavam de fato inrteressadas em suas ondas?

Percebi isso quando começou a ter muita gente falando sobre as características do meu trabalho, falando sobre a minha maneira diferente de refletir as ondas através das cores e movimentos, isso foi um termômetro pra mim com relação ao meu trabalho, nao imaginava que iria ter tanta aceitação, mas graças a Deus isso me motivou a trabalhar mais, aperfeiçoando meu traço. Também pelas vendas para várias partes do mundo, isso mostrou que tava no caminho certo e que precisava investir mais tempo em aperfeiçoar.

Qual sua relação com os campeonatos de surf? Você já fez arte para o Super Surf, inclusive premiando o Gabriel Medina.

Poxa, isso foi uma porta que Deus abriu que ajudou muito na divulgação do meu trabalho, isso era um sonho que eu tinha de ver meu trabalho como troféu de um campeonato, e isso aconteceu já na etapa do Super Surf Costão do Santinho de 2010, que o Bernardo Pigmeu ganhou em primeiro lugar e o Medina ficou em segundo, fui pra Floripa só para entregar essa arte e isso foi em parceria com dois grandes apoiadores da arte no surf do Brasil, o portal CabecaFeita.com e a Galeria Alma do Mar. Lembrando que precisamos de apoio para chegar mais longe e esses parceiros fazem parte disso.

Agora ver outra vez em 2011 no Super Surf Praia da Vila o Medina segurando o troféu de primeiro lugar com a minha arte depois de uma apresentação épica foi um troféu pra mim….realmente foi emocionante, o Edinho Leite colocou no site da ESPN, onde tinha a foto do Medina segurando o troféu, que era um artista segurando a obra de outro artísta, fiquei feliz nesse momento, pois não era só um troféu naquele instante, mas era uma arte de um artista sendo reconhecido, e isso valoriza todos os artistas, também teve obra da Rosa Angélia como parte da premiação, isso valorizou a classe dos artistas das ondas brasileiros.

E como vê o apoio a arte no Brasil?

Meu objetivo é fazer com que o Brasil valorize a arte no surf, invista e compre as artes, pois temos que ser valorizados pelo nosso trabalho. É uma pena a falta de apoio de eventos e marcas de surf no Brasil ou mesmo a valorização dos artistas brasileiros, acontece sempre de copiarem artes de artistas em cartazes de eventos mas nao valorizam a arte, precisamos mudar esse quadro. Os artistas precisam se unir cada vez mais, um sempre alertando o outro quando vêem algo sendo copiado ou pirateado, precisamos cada vez mais indicar outros artistas em oportunidades que se abrem, precisamos fazer com que o sucesso de um seja o sucesso de todos, assim todo mundo ganha. Mas estamos trabalhando e ganhando cada vez mais espaço, vamos mudar esse quadro.

Como foi representar o Brasil no Internacional Surfing Day?

Esse foi mais um sonho, eu pedia à Deus por essa oportunidade e ela veio. Ser convidado pela Surfrider Internacional para fazer a arte do Surfing Day 2011 foi uma honra, e a arte escolhida ainda foi amarela e azul que é uma homenagem ao Brasil. A repercursão foi enorme, isso sai em toda a mídia surf por ser o principal evento sócio ambiental do mundo, até o Hilton Alves me mandou uma foto do Hawaii com o cartaz nas mãos que veio na revista Surfer. Então, pra mim ter feito essa arte tão importante me motivou a continuar trabalhando e sonhando com novas oportunidades, projetos assim nos inspiram muito.

Mas fico feliz pela porta que isso abre para outros artistas do Brasil, pois eles tem olhado o nosso trabalho.

Além de encantar artistas e apreciadores do surf, sua arte tem chamado atenção de designers e diretores de arte pela inovadora forma que você lê e interpreta o oceano, inclusive algumas publicações importantes como a Computer Arts. Como é a relação entre a arte e o design?

É verdade, meu trabalho por ter como base o design, acaba não ficando apenas no surf, vai para a área do design e isso ajudou meu trabalho a ganhar mais espaço, pois saiu em muitos sites importantes que fala sobre referência e design, pela forma como trabalho minhas artes e também na revista Computer Arts. Sou designer, e uso do design para expressar minha paixão pelas ondas, então fico feliz por isso, mas fico mais feliz em poder expressar minha paixão da forma que gosto, pois recebi muita resistência no início do meu trabalho por minha arte não ser pintada com tinta em tela, mas não me preocupei com isso e foquei em aperfeiçoar meu trabalho da forma que achei melhor, com o próprio design, e isso acabou ajudando meu trabalho a ganhar um espaço. Mas como designer não trabalho só com ondas, pois no meu dia a dia trabalho com campanhas e materiais de clientes em geral, e hoje estou agora aprendendo e desenvolvendo a pintura para poder ter também uma experiência nova com a pintura, mas usando o design como base.

Fale um pouco dos projetos para produtos customizados.

Tenho a idéia de fazer muita coisa ainda, mas esse ano vou lançar as almofadas, sacolas, camisetas, xícaras, adesivos de ipads e iphones, pois no Brasil as pessoas não compram muitos quadros, mas investem em produtos, e quero ver as ondas chegando nas casas das pessoas de uma forma ou de outra. Fora os produtos feito com marcas que vão ser lançados nesse ano e no ano que vem.

Em San Diego, Califórnia, crianças usaram sua arte como referência para aulas de educação artística. Como foi isso? Tem planos futuros envolvendo projetos sociais?

Cara isso foi animal, me emocionei com isso, ver crianças na Califórnia fazendo uma releitura do meu trabalho me deu muita alegria, pois lá é um dos berços da arte no surf e as crianças escolherem o meu trabalho para isso me deixou honrado. Penso em entrar nas escolas e vilas carentes para ensinar arte assim como artistas que admiro muito ja fazem, caso do Hilton Alves, Alexandre Huber, Erick Wilson, quero fazer isso logo para divulgar mais a arte no surf, despertar novos artistas e trazer uma mensagem de conscientização ambiental nas crianças.

A Surf Art está a todo vapor e fazendo a cabeça de mais e mais pessoas. Como é a Surf Art fora do país, e a influência que ela causa no Brasil?

Cara, a arte fora do Brasil tem um espaço legal, mas estamos aqui no Brasil fazendo muita coisa também, não vejo que estamos tão longe dos gringos, pois temos muita criatividade, muitos artistas com alto potencial e criatividade aqui. Mas temos que aprender com o que deu certo lá fora, penso que temos que ter mais galerias aqui no Brasil e ter mais artes nas lojas de surf, mas estamos no caminho. O próprio portal CabecaFeita.com mesmo tem levado arte para as faculdades, junto com o Ibrasurf, e isso é um tijolo na construção de uma outra mentalidade com relação a Surfart aqui no nosso país. Também acho que falta um pouco de profissionalismo em alguns artistas que tem potencial de chegar mais longe, mas falta um pouco de saber como divulgar seu trabalho, como aproveitar melhor oportunidades, como fazem os gringos, que são tops em marketing e precisamos aprender mais com isso.

Quais os artistas que te encantam?

Cara, gosto demais do trabalho do Erik Abel, primeiro artista que vi com um estilo próprio e que me inspira, também gosto das curvas e cores do Jay Alders, do realismo do Hilton Alves e o que ele conquistou como artista brasileiro lá no Hawaii, e gosto muito do trabalho da Heather Brown, pelas cores e formas.

O que faz a cabeça do Tom Veiga?

Estar conectado com Deus, autor da criatividade, estar conectado com a minha família que é meu tesouro na terra, fazer ondas que me da prazer e ajudar pessoas da forma que posso, isso faz a minha cabeça.

Para conhecer mais o trabalho de Tom Veiga acesse: www.seriewaves.com


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