A surfista e bióloga Isabela Cheida esteve 1 mês na Nicarágua desbravando suas ondas e conhecendo mais sobre a diferente cultura do país. Aqui você pode acompanhar seu “diário de bordo” e saber mais sobre sua trip em águas nicaraguenses. Enjoy!
Primeiro vou falar sobre um item indispensável em uma viagem à América Central se seu PC não for um Apple: um adaptador de tomada. As tomadas lá não são redondas iguais as nossas e por conta disso, fiquei uns bons dias longe do computador. Se for se hospedar no Miramar Surf Camp (www.miramarsurfcamp.com), não precisa se preocupar, pois eles tem um adaptador grande e público no rancho.
Bom, durante minha estadia de 1 mês lá, pude conhecer de perto a cultura nicaraguense: Surfistas locais são quase raridade, o que é ótimo! Além disso, eles são muito quietos e respeitosos, o que contradiz muito o comportamento dos homens nicaraguenses que tratam a mulher de uma forma bem grotesca.
Conversando com algumas mulheres locais, pude perceber que o machismo rola solto por lá, e que por conta disso, os homens acham que podem tratar a mulher de qualquer jeito, inclusive se a mulher estiver acompanhada (pareja).
Já as mulheres são muito amigáveis (não a princípio, pois se não te conhecem não abrem muito a cara) e de certa forma, acabam aceitando esse tipo de comportamento machista. Ouvi dizer por uma nicaraguense que lá é normal o homem ter mais de uma mulher! ê belezaa!!!
Pra se ter noção, lá as mulheres entram na água de roupa. Imagina a atração que não foi eu e as outras turistas de biquininho!!
Deixando um pouco o comportamento local de lado, vamos partir para o que interessa: SURF.
Em minha estadia surfei alguns picos que vou descrever aqui pra vocês:
Isla los Brasiles – Poneloya
Beach Break de direitas e esquerdas numa ilha paradisíaca que vale a pena conferir. Onda boa, tubular que quebra na bancada rasa de areia. Mesmo grande praticamente só existe uma arrebentação, que fica mais fácil de varar na calmaria. Onda rápida, mas que também é boa para iniciantes por ser fundo de areia. Surf melhor de manhã, pois as vezes o vento vira pra “ladal” de tarde. Pra quem quiser surfar a onda e ficar no pico, podem se hospedar no Surfing Turtle Lodge, hostel simples, mas muito agradável (https://www.facebook.com/surfingturtlelodge).
Salinas Grande
Beach Break na região de Puerto Sandino bem divertido. Não peguei swell bom, então o que posso dizer é que a marola abre bem e é rápida, diria que boa para aéreos (como se eu fosse pro no assunto né?). Dá para chegar de carro, mas no Miramar existe um boat trip para lá quando a galera anima.
Puerto Sandino
Com certeza, uma das melhores e mais famosas esquerdas da Nicarágua e eu entendi bem o porquê. Não porque tenha pegado um bom swell, mas por ter “mirado” o potencial da onda de 2 km de extensão, rs. Exageros à parte, eu garanto a vocês que se forem à Nicarágua entre os meses de fevereiro/março à outubro/novembro e não pegarem um mar galático lá é piada. A onda é simplesmente pista de manobras, e se cair na primeira manobra, é só remar pro canal e pegar outra que vai ser igual ou melhor à primeira.
Pipes
Direita tubular e boa quando o swell tá rolando, pipes fica à 5 minutos caminhando da pousada. Rola também uma esquerda no mesmo pico, rápida e mais curta, porém muito boa, que quebra sobre um fundo de areia com algumas pedras escondidas. O melhor momento é na maré mais seca, o que garante surf o dia todo em Punta Miramar.
Miramar
Esquerda rápida e tubular que fica praticamente “dentro da pousada” de tão próxima, quebra em meio a um fundo de pedras raso quando pequeno. Uma das ondas que mais gostei, pode ser surfada por quase todos tipos de surfistas quando não medrosos. As ondas começam a rolar na troca de marés, quando ela está enchendo ou começando a secar. Como o vento é terral, o surf rola diariamente, mesmo com 2 a 3 pés de onda.
Meat Grinders
Mini teahupoo nicaraguense (considerado pela revista Surfers). A onda é simplesmente animal!! Digo isso porque se você der mole, você pode virar um animal morto de tão rasa que é a bancada, cheia de ouriços e outros bichinhos subaquáticos.
Tive a oportunidade de estar na primeira barca feita pelos donos da pousada até o pico. Se trata de uma esquerda de tubo oco e bem longa, diria que apenas para profissionais e pessoas sem medo da morte. Melhor momento é na maré seca enchendo.
Infelizmente não conheci a região de Popoyo, que por sinal também tem boas opções de onda (com muito mais crowd, é claro), pois acabei indo para Costa Rica.
Pura Vida!
Por Isabela Cheida